Esquizofrenia Archives - ABAPSI https://abapsi.com.br/categorias/esquizofrenia/ Informações relacionadas à saúde mental Wed, 02 Oct 2024 16:33:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.6.2 https://abapsi.com.br/wp-content/uploads/2022/08/cropped-abapsi-transparente-32x32.png Esquizofrenia Archives - ABAPSI https://abapsi.com.br/categorias/esquizofrenia/ 32 32 Tratamento: fase inicial https://abapsi.com.br/tratamento-fase-inicial/ https://abapsi.com.br/tratamento-fase-inicial/#respond Mon, 24 Jun 2024 11:32:24 +0000 https://abapsi.com.br/?p=1492 A psicose não é avassaladora apenas para o indivíduo, mas também para sua família e amigos.

Portanto, o tratamento adequado nesta fase também terá como foco as pessoas ao seu redor. O que seu parceiro precisa? Ou seus filhos? O que parentes e amigos podem fazer? De que apoio as pessoas ao seu redor precisam?

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A educação sobre os sofrimentos psíquicos também é chamada de psicoeducação. Na fase inicial da psicose, a psicoeducação combinada com o olhar atento, costuma ser suficiente. 

Para os pacientes, é importante reunir informações úteis sobre suas experiências e problemas, para que seja possível aprender a compreender seus próprios sentimentos e experiências. Isso fornece uma riqueza de insights que podem ser discutidos com o profissional de saúde.

A busca pelo melhor local para recuperação da psicose precisa ser feita em conjunto. Se a sua casa for suficientemente segura e a sua família puder apoiá-lo, você poderá se recuperar em casa. Se houver muita resistência ou se a situação em casa não for segura e pacífica, pode ser necessário internar-se no hospital. 

Às vezes, uma crise pode ser tão avassaladora que até se torna perigosa, para você ou para outras pessoas. Quando uma pessoa psicótica recusa a admissão num hospital, pode ser necessária uma admissão involuntária (forçada). Esta etapa pode ser muito perturbadora. Numa enfermaria segura, a principal prioridade é estabelecer vínculo com a equipe de cuidado e reduzir o estado psicótico. 

Quando a crise está novamente sob controle, o tratamento se concentra em ajudar o paciente a se afastar das experiências psicóticas desagradáveis ​​e a começar a pensar nas suas causas. Então o que é preciso é um diagnóstico personalizado, seguido de tratamento personalizado. Além das medicações, existem diferentes tipos de psicoterapia e a preferência pessoal é importante na escolha de uma

Quando alguém passa por uma psicose pela primeira vez, é o início de um processo de aceitação de uma vulnerabilidade que tem um impacto tremendo em todos os aspectos da vida. O que aconteceu? Esta fase trata da recuperação física e mental, do processamento de acontecimentos dolorosos, da recuperação da (auto)confiança e do seguimento da vida. 

Educação ou trabalho, estruturar sua rotina diária, lidar com medicamentos, lidar com profissionais de saúde mental e seus diagnósticos, processar traumas, restaurar relacionamentos. Todos estes aspectos requerem atenção, por isso é importante assumir a responsabilidade por eles com a ajuda de outras pessoas.

O que mais importa nesta fase é encontrar novamente esperança, perspectiva, significado e autoconfiança. Quem tiver coragem de aceitar ajuda, descobrirá que com a combinação certa de informações, interagindo com pessoas com experiência vivida de psicose, lidando com medicação e psicoterapia, é possível ter novamente uma perspectiva de futuro após a psicose. 

O tratamento pode se concentrar em obter uma visão do passado para acreditar novamente no futuro, formulando seus objetivos pessoais. Processar e compreender as experiências psicóticas também são importantes, bem falar sobre isso com outras pessoas. 

Ajuda ter as informações corretas e, assim, tomar as decisões corretas sobre os diferentes caminhos de recuperação. Por quanto tempo você vai tomar medicação? Quanto tempo antes de você começar a procurar trabalho? Por quanto tempo você continuará o tratamento diurno ou o treinamento profissional? Quanto tempo dura a terapia? Que tipos de tratamento existem? O que significa recuperação na prática Como penso sobre meus objetivos de vida? 

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Causas e questões diagnósticas https://abapsi.com.br/causas-e-questoes-diagnosticas-2/ https://abapsi.com.br/causas-e-questoes-diagnosticas-2/#respond Mon, 24 Jun 2024 11:31:22 +0000 https://abapsi.com.br/?p=1490 Conhecemos apenas imperfeitamente as causas da esquizofrenia– dizemos que se trata de um conjunto de fatores, de naturezas muito diferentes (biológicas, psicológicas e sociais) que parecem agir de modo sobre-determinado para que a doença se manifeste.

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A esquizofrenia não é uma doença neurológica, embora envolva profundas alterações no funcionamento de circuitos neuronais, modificando a vida mental. 

Ainda não sabemos precisamente quais áreas e circuitos neurais estão envolvidos, mas sabemos que certos padrões de formação de circuitos neuronais se revelam alterados antes das primeiras manifestações mais graves, e que estes padrões de alteração não são consequência da doença, nem de seu tratamento. Estas alterações têm implicações na pessoa como um todo, e em sua maneira de interagir com o mundo.

Embora o cérebro seja o órgão que realiza e integra nossa atividade mental, a atividade mental é o resultado da complexa articulação entre nossa estrutura biológica e o mundo social. Através dela pensamos, sentimos, interpretamos, percebemos nossas experiências e controlamos nossas ações para interação no espaço social. A esquizofrenia se expressa por importantes alterações no pensamento, sentimentos e emoções, assim como na percepção e interação social.

Todas essas funções não são perturbadas ao mesmo tempo, nem com a mesma intensidade. Existem grandes diferenças entre um paciente e outro, e grandes diferenças em um mesmo paciente no decorrer de sua evolução.

É importante destacar que, frequentemente, os sintomas podem desaparecer quase completamente por períodos muito longos.

Atualmente, consideramos que os fatores causais, particularmente os biológicos, não determinam diretamente a patologia, mas sim uma vulnerabilidade, uma espécie de fragilidade especial em face de algum tipo de adversidade. 

Ao serem confrontados com dificuldades que ultrapassem sua capacidade de resposta, sujeitos vulneráveis podem apresentar um episódio esquizofrênico. Este modelo explicativo da esquizofrenia é denominado modelo vulnerabilidade-estresse. Este modelo explicativo não deve ser confundido com a idéia de que a esquizofrenia é causada por estresse ambiental

Esquizofrenia como diagnóstico no DSM

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (ou DSM, o sistema mais comum de diagnóstico e classificação de transtornos mentais) descreve aproximadamente a esquizofrenia como um transtorno caracterizado por episódios psicóticos “nos quais o paciente perde a capacidade de testar e confirmar seu senso de realidade.”

A desvantagem do DSM

O DSM já foi concebido como uma ferramenta prática para médicos e psiquiatras. Assegurou que falassem a mesma língua ao discutir as queixas e sintomas dos seus pacientes. Antes da introdução do DSM, há cerca de 60 anos, cada psiquiatra usava a sua própria definição. Isso às vezes levava a uma grande confusão. Por quê um determinado paciente era psicótico, neurótico ou histérico? E qual era o significado exato dessas definições?

Desde o início, ficou claro que os diagnósticos do DSM não deveriam ser vistos como doenças fixas, mas mais como descrições e conceitos acordados. Mesmo assim, o DSM é cada vez mais utilizado e apresentado de forma errada.

 ‘O DSM diz isso, então deve ser verdade’

Presumir que uma determinada doença existe apenas porque está descrita no DSM é um grande erro. Não é assim que as descrições diagnósticas deveriam ser usadas. O diagnóstico de “esquizofrenia” é apenas um conceito baseado em acordos entre psiquiatras, não é uma descrição objetiva e fixa de uma doença real.

A questão subjacente é que os transtornos mentais são muito mais difíceis de associar a uma única causa. Isso é diferente da saúde física. Quando você tem uma perna quebrada, o problema pode ser perfeitamente descrito por um diagnóstico padrão. Você verifica uma série de sintomas relacionados e então conclui: o osso da perna está quebrado. O tratamento que se segue a este diagnóstico também é muito mais claro. Algumas semanas com gesso, seguidas de exercícios de reabilitação, e você terá recuperação garantida.

Tudo isto é muito mais complicado no caso dos transtornos mentais. Não só variam muito mais de pessoa para pessoa, como também são muito mais vagos e difíceis de descrever. Além disso, há muito mais incerteza sobre a(s) causa(s) exata(s) dos sintomas, que envolvem múltiplos fatores. 

As causas exatas variam muito entre os pacientes, assim como a maneira como eles vivenciam os sintomas. Consequentemente, um transtorno mental deve ser investigado caso a caso. E o tratamento eficaz deve basear-se na pessoa e não na doença.

O tipo de tratamento pode variar fortemente entre as pessoas. As soluções padrão só funcionam para problemas padrão, mas não para sofrimento psíquico, que é sempre extremamente pessoal e não pode ser compreendido sem olhar para o contexto.

O dilema da psiquiatria biológica

Não é difícil explicar por que a esquizofrenia é vista sob uma luz tão negativa. Ouça como os especialistas em psiquiatria biológica falam sobre esquizofrenia. Eles chamam isso de uma “doença cerebral devastadora da qual você nunca poderá se recuperar”.

Até mesmo as revistas científicas mais respeitadas, como Nature e Science, vêm dizendo há anos que a esquizofrenia é uma doença cerebral genética que não tem cura. Isto é o que a revista científica de maior prestígio do mundo, Science, tem a dizer sobre a esquizofrenia:

“Uma vez que os sintomas da esquizofrenia ocorrem, eles persistem durante toda a vida do paciente e são quase totalmente incapacitantes”.

A psiquiatria biológica determina a imagem que a sociedade tem dos pacientes com esquizofrenia. E isto inclui a imagem construída pelos políticos que decidem quantos recursos (financeiros) devem ser gastos em cuidados de saúde mental. Por que gastar dinheiro cuidando de pessoas que nunca se recuperarão?

Mas tenha em mente: NÃO há prova científica de que você possa realmente considerar a esquizofrenia como uma doença cerebral. Parece convincente. É o que a mídia costuma dizer. Mas isso simplesmente não é verdade no sentido científico. Quase poderíamos desejar que fosse assim tão simples, porque a verdade é menos clara e muito mais complicada.

As variações genéticas que levam ao diagnóstico da esquizofrenia não estão especificamente ligadas à doença. Além disso, também ocorrem com outros transtornos psiquiátricos, como transtorno bipolar e depressão.

A verdade é que 50 anos de extensa investigação biológico-psiquiátrica não identificaram um único biomarcador diagnóstico, nem um único distúrbio psicológico. 

A principal revelação da psiquiatria biológica é que não existem resultados diagnósticos dos quais possamos deduzir que os transtornos mentais (como a esquizofrenia) possam ser atribuídos a uma doença específica. Não é o tipo de conclusão popular na imprensa. E, portanto, esta verdade dificilmente é compreendida pela maioria das pessoas.

Apoiamos a investigação biológica

O que nos opomos, contudo, é a explicação simplificada dos resultados incertos da investigação. Principalmente quando esta má interpretação tem consequências negativas para o bem-estar dos pacientes.

Conclusão: deixe o futuro começar.

O tempo de simplesmente rotular um paciente psiquiátrico deve chegar ao fim. A complexidade dos transtornos psiquiátricos está simplesmente além da nossa compreensão atual em termos de “doenças do cérebro”. Em todo o mundo, vozes cada vez mais poderosas falam para desmantelar o mito da esquizofrenia. Ninguém merece ser condenado a uma perspectiva negativa ao longo da vida, através de uma combinação de preconceitos culturais e de uma conclusão diagnóstica infundada. A recuperação pessoal, no sentido de vivenciar uma vida plena e significativa, é possível para todos os pacientes com diagnóstico de transtorno psicótico.

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As manifestações esquizofrênicas https://abapsi.com.br/as-manifestacoes-esquizofrenicas-2/ https://abapsi.com.br/as-manifestacoes-esquizofrenicas-2/#respond Mon, 24 Jun 2024 11:30:31 +0000 https://abapsi.com.br/?p=1488 Muitos autores têm simplificado sua descrição pela subdivisão das manifestações em sintomas “positivos”, que aparecem a partir de um episódio esquizofrênico agudo, e em sintomas “negativos”, que consistem em um particular comprometimento das funções cognitivas envolvidas na interação social.

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A esquizofrenia é marcada pelo comprometimento de algumas “ferramentas” necessárias ao funcionamento da inteligência, como a atenção, a memória, a capacidade de abstração e de planejamento, mas considera-se que a inteligência não é atingida diretamente.  É importante destacar que o esquizofrênico não sofre de déficit intelectual, e sim de uma alteração na forma de utilizar seus recursos mentais.

Certas perturbações, ditas “cognitivas”, estão em parte presentes mesmo antes da aparição das manifestações agudas. Em geral, os comprometimentos cognitivos e as manifestações negativas resistem por muito mais tempo que os sintomas positivos, e são os principais responsáveis pelas dificuldades profissionais, e de interação social, enfrentadas pelos pacientes.

Muito além desta subclassificação de sintomas positivos e negativos, é fundamental que familiares e amigos possam reconhecer, empaticamente, um dos aspectos mais marcantes e abrangentes para a pessoa que sofre desta condição: uma estranha vivência subjetiva de transformação de si e do mundo, fazendo com que ela experimente uma assustadora sensação de ter sido modificada e transformada corporalmente, produzindo a convicção de que ela não pertence mais à realidade de seu entorno. 

Como que lançados para uma outra dimensão existencial, muitos pacientes chegam a acreditar que sofreram um processo de transformação alienígena, que foram “abduzidos”, ou que sofreram alguma espécie de transformação genética, tamanha a vivacidade e intensidade desta sensação. 

Quase inevitavelmente, esta vivência é acompanhada de um insuportável sentimento de estranheza, isolamento e solidão, não havendo mais a sensação de imersão automática e inerente no mundo, via de regra, perseverando um severo auto julgamento e sentimento de desmoralização, por se sentirem fracassados e existencialmente incompetentes.

Destaca-se que estas vivências estão entre algumas das principais causas de retração social e de comportamentos auto destrutivos, como os freqüentes atos de auto agressão, comportamentos de alto risco e impulsos suicidas. Da mesma forma, é importante destacar que estes aspectos nada têm em comum com atos de violência praticados por certos sujeitos, doentes ou não. O comportamento violento e perigoso não é uma característica dos transtornos esquizofrênicos.

Os sintomas “positivos” mais freqüentes.

Alucinações

As alucinações são percepções sensoriais que têm como origem a mente do sujeito, e são causadas pela própria condição esquizofrênica. Por exemplo, os indivíduos esquizofrênicos podem ouvir vozes (alucinações auditivas) que uma pessoa sadia colocada na mesma situação não ouviria, ou ver coisas (alucinações visuais) que outra pessoa não perceberia. Estas alucinações (que podem também afetar o paladar, o olfato, o tato ou a percepção interna dos elementos do nosso corpo) são muito perturbadoras para o paciente que as vivencia, e criam enormes dificuldades para a pessoa distinguir as alucinações das percepções reais. Para ele, as vozes são muito reais e ele pode agir, por conseqüência, de uma forma incompreensível para as outras pessoas. As alucinações mais características são vozes que falam entre si, comentando e criticando o comportamento do paciente.

Idéias delirantes

Consistem em convicções não compartilhadas por outros. A pessoa persistentemente as considera verdadeiras, mesmo na presença de provas que demonstrem o contrário. Ele pode ser convencido de que é perseguido (delírio de perseguição), de que é Deus (idéias delirantes místicas) ou de que é o centro dos acontecimentos que ocorrem ao seu redor (idéias de referência). Habitualmente, estas convicções não podem ser modificadas por fatos ou argumentos, mas apenas pelo tratamento medicamentoso. Geralmente, ele é incapaz de compreender que estas idéias estão erradas, e de que é ele quem está doente. Em alguns casos, esta pode ser uma das razões porque seu comportamento e sua conduta se tornam incompreensíveis às pessoas ao seu redor.

Distúrbios do pensamento

Muito freqüentemente, a pessoa que sofre de forma esquizofrênica não consegue se comunicar dentro dos parâmetros da lógica formal compartilhada. Seu pensamento e discurso podem se tornar desorganizados, ou mesmo adotar uma forma totalmente individual e particular, plena de novos conceitos e expressões de significado próprio, tornando-se difícil, ou incompreensível para quem o escuta.

Alteração da percepção de si mesmo

Não raro, o individuo que adoece de forma esquizofrênica vivencia uma radical transformação em seu senso de identidade pessoal. A vivência pessoal é de que a fronteira entre ele mesmo e o meio ao seu redor se dissolve. Esta vivência se manifesta, por exemplo, através da convicção de que os outros podem ler seu pensamento, podem introduzir idéias diretaente em sua mente, ou mesmo comandar suas ações e atitudes.

Muitos pacientes brigam com seus familiares por acharem, em seus desesperos, que eles já sabem o que está ocorrendo, mas que não querem ajudá-los. No entender do paciente, a convicção é de que seus dramas pessoais estão sendo transmitidos para os demais familiares, através de telepatia, ou por alguma outra forma de publicação de sua vida íntima (pela televisão, por exemplo), enquanto na realidade os familiares nem têm a menor idéia do que está verdadeiramente ocorrendo (quando não estão tanto, ou mais assustados do que o próprio paciente).

Distúrbios de comportamento

Como resultado de uma importante mudança na consciência de si mesmo e do mundo, podem ocorrer profundas mudanças no comportamento, tornando-se relativamente bizarros, e ou confusos e desorganizados, incompreensíveis para as pessoas ao seu redor.

Os sintomas “negativos” mais freqüentes

Falta de energia e motivação

A falta de energia é o sintoma negativo muito freqüente. A pessoa pode sentir uma perda de vivacidade, de entusiasmo e de interesse, em geral. Para as pessoas ao redor, isto se revela por uma incapacidade de assumir responsabilidades em casa, no trabalho ou na escola, podendo ser mal interpretado, e gerando grandes fontes de conflitos.

Embotamento afetivo

O paciente pode eventualmente perder a capacidade de expressar suas emoções. A voz perde sua entonação anterior, e a expressão facial se torna reduzida ou mesmo ausente. É importante destacar que este prejuízo na capacidade de expressar suas emoções leva a errônea interpretação de que o individuo que adoece de forma esquizofrênica perde completamente os sentimentos.

Perda do sentimento de prazer (anedonia)

O paciente perde sua capacidade de sentir prazer (e por vezes também de desprazer). O mundo se torna “cinza” e indiferente. Até mesmo atividades de lazer, que anteriormente eram buscadas, tornam-se desinteressantes, trazendo aflição e sofrimento ao paciente.

Retraimento social

Freqüentemente, os pacientes desenvolvem uma intensa ansiedade social, com acentuada dificuldade para interagir nas relações interpessoais. Seja por falta de interesse pelo seu meio, seja por medo e vivência de inadequação psíquica e corporal, o intenso sentimento de estranheza, e de não inserção no mundo compartilhado, acabam contribuindo para o comportamento de retração no contato social, e mesmo familiar.

Pobreza na expressão dos pensamentos

Os pacientes podem se tornar muito pouco propensos a se expressar espontaneamente, podendo apresentar dificuldade generalizada para o uso da palavra e dos conceitos, assim como importante lentidão geral do pensamento.

Depressão pode estar associada à esquizofrenia?”

O humor depressivo é muito comum entre os pacientes esquizofrênicos. Além disso, eles podem se sentir desencorajados e desmoralizados ao perceberem o impacto da doença em suas vidas. O risco de suicídio é muito mais significativo do que na população geral. As idéias suicidas devem ser levadas muito a sério e, quando presentes exigem imediata busca de ajuda.

Dificuldades não aparentes

Habitualmente, as manifestações esquizofrênicas são descritas através de uma linguagem médica, como se fossem limitadas a sinais e sintomas. Mas, é preciso esclarecer que esta doença não só afeta todo o modo de viver no mundo, como também consiste em uma transformação no “modo de ser particular”. Tais particularidades, são dificilmente expressadas através de palavras, pois abalam até mesmo a base das interações cotidianas que existe em cada ser humano com seus semelhantes, e com os objetos que nos cercam. Estas interações, “evidentes” para a maioria das pessoas (por exemplo: compartilhar um intervalo para tomar um café no trabalho, sentir o “clima” de um determinado ambiente social), podem perder a característica de evidência e de simplicidade para as pessoas acometidas pela esquizofrenia, e adquirir um caráter estranho e artificial. Para estas, todo tipo de situação aparentemente banal pode ser tornar, a partir de então, fonte de tensão. É importante observar que este “distúrbio da evidência natural” pode se tornar também fonte de criatividade artística, ou cientifica, uma vez que favorece uma visão não convencional das coisas

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O que é esquizofrenia? https://abapsi.com.br/o-que-e-esquizofrenia/ https://abapsi.com.br/o-que-e-esquizofrenia/#respond Mon, 24 Jun 2024 11:29:54 +0000 https://abapsi.com.br/?p=1486 Muitas das idéias que tínhamos sobre a esquizofrenia já se revelaram erradas. No entanto, essas idéias ultrapassadas ainda estão espalhadas. Então, o que é realmente a esquizofrenia? Do que estamos falando quando discutimos isso? E o que significa ser diagnosticado com esquizofrenia?

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Você já procurou informações sobre esquizofrenia? Então você provavelmente descobriu que é uma doença psiquiátrica muito grave. Talvez você também tenha lido que se trata de ter dupla personalidade (síndrome de personalidade múltipla) e que pessoas com esquizofrenia são perigosas e não são dignas de confiança. Essas idéias já foram comprovadamente erradas, mas ainda estão difundidas. Por quê?

A história da esquizofrenia

O termo “esquizofrenia” foi introduzido pela primeira vez em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler. A palavra esquizofrenia vem das palavras gregas schizein (dividido) e fren (mente). E assim a palavra pode ser traduzida aproximadamente como “mente dividida”.

Quando Bleuler introduziu este termo para descrever sintomas psicóticos, ele queria salientar que a esquizofrenia significa uma divisão entre as diferentes funções da mente. A ‘mente dividida’ refere-se, portanto, às funções memória, pensamento e percepção. Não se trata de ter múltiplas personalidades.

Dementia precoce: esquizofrenia como demência precoce

O psiquiatra Emil Kraepelin já falava em 1893 de demência precoce (demência precoce) para descrever seus pacientes psicóticos. Ele pensava que a demência precoce era uma doença cerebral bastante semelhante à doença de Alzheimer (demência), mas que poderia ocorrer em uma idade muito mais jovem.

Bleuler mudou de ideia sobre essa esquizofrenia como uma forma de Alzheimer depois de perceber que alguns pacientes realmente se recuperaram em vez de piorarem. Isto nunca aconteceu com pacientes com demência, então claramente tinha que ser uma doença totalmente diferente. Ele veio, portanto, com o novo nome: esquizofrenia.

A esquizofrenia não é uma doença claramente definida

A esquizofrenia é uma doença que existe em todas as nações e culturas do mundo. Estatisticamente, ela está presente em uma pessoa a cada cem, tanto homens quanto mulheres. 

O espectro da esquizofrenia engloba sintomas psicóticos com enormes variações de gravidade, frequência e duração. Estes sintomas podem ser colocados numa escala que vai do “funcionamento normal” ao “gravemente psicótico”. 

O local onde alguém diagnosticado com esquizofrenia deve ser colocado neste espectro depende totalmente do indivíduo e de suas circunstâncias. E a direção em que alguém se move nesta escala (melhorando ou piorando) não é previsível, nem igual para todos.

Rotular alguém como “esquizofrênico”, portanto, não diz nada sobre como essa pessoa está ou o que ela precisa para melhorar. O problema com este diagnóstico é que ele criou a falsa idéia de que sim. Como se a esquizofrenia, por definição, fosse uma disfunção cerebral grave e permanente que impossibilitasse o funcionamento da vida. E como se isso fosse verdade para todas as pessoas diagnosticadas como tal.

O que não é esquizofrenia

A esquizofrenia não é um “desdobramento da personalidade”. Ela afeta a coerência do pensamento, as emoções e o comportamento do sujeito, porém, este permanece sendo uma pessoa, com seus projetos existenciais, alegrias, tristezas e frustrações, bem como seus valores éticos e morais de formação. Ninguém se torna criminoso porque adoeceu de forma esquizofrênica. Não há relação causal entre criminalidade e esquizofrenia.

A esquizofrenia não é uma doença da civilização. Ela se manifesta (sob formas semelhantes) em todas as culturas do mundo.

A esquizofrenia não é uma doença que obrigatoriamente evolui para uma deterioração progressiva. Numerosas dificuldades de relacionamento, bem como de desenvoltura social, podem se manifestar de forma contínua e crônica, mas mesmo nestes casos, os tratamentos atuais permitem, na maior parte das vezes, e se corretamente seguidos, obter uma diminuição significativa da frequência e gravidade das recidivas. Indivíduos que adoeceram de forma esquizofrênica podem, portanto, construir uma vida interessante e estável.

A esquizofrenia não se manifesta ou se mantém devido à preguiça, má vontade ou maus hábitos das pessoas. Muito embora o ambiente possa ter grande influência sobre o curso evolutivo, existem alguns aspectos cognitivos que independem da vontade da pessoa, e de seu meio.

A esquizofrenia não é causada por um modo de educação falho ou irresponsável. Os fatores biológicos atuam no desenvolvimento da vulnerabilidade, e podem interferir antes, ou por volta do nascimento. Entretanto, é provável que esta vulnerabilidade seja agravada quando a comunicação e compreensão no interior da família seja particularmente pouco clara. Há diferentes estudos demonstrando que certos padrões de relacionamento e comunicação familiar favorecem negativamente na recuperação e estabilidade do quadro esquizofrênico.

A esquizofrenia não ocorre em função do consumo de drogas, mas este consumo pode precipitar o surgimento do primeiro episódio agudo e suas recaídas em um sujeito vulnerável.

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Intervenção precoce nos quadros pré-psicóticos https://abapsi.com.br/intervencao-precoce-nos-quadros-pre-psicoticos/ https://abapsi.com.br/intervencao-precoce-nos-quadros-pre-psicoticos/#respond Thu, 14 Jul 2022 09:30:02 +0000 https://abapsi.com.br/?p=370 O desenvolvimento das últimas décadas tem trazido novas questões ao campo da saúde mental. Com os avanços e reformulações da assistência psiquiátrica mundial, como a recomendação universal do estabelecimento de cuidados aos portadores de transtornos mentais severos e persistentes de acordo com suas redes sociais, e a extinção dos antigos manicômios, aparecem novos temas que já se encontram na pauta das discussões dos próximos anos.

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A prática tem demonstrado que o tempo decorrido entre o surgimento das primeiras manifestações psicóticas em uma pessoa e o primeiro contato com a rede de saúde geralmente ultrapassa um ano. Além disso, o tempo entre as alterações mentais iniciais (ainda não psicóticas) e o recebimento dos primeiros cuidados costuma ser ainda maior, ultrapassando incríveis quatro anos. Estudos clínicos e epidemiológicos têm sugerido que a duração do tempo de psicose não tratada e fases preliminares ao aparecimento da doença têm forte impacto sobre o prognóstico dos quadros psicóticos, seja em termos clínicos ou sociais.

Hoje, sabe-se que cerca de dois terços das pessoas que atravessam esses períodos de adoecimento pré-psicótico sofrem de manifestações depressivas, avaliadas entre moderadas e graves. Dentre estas, quase noventa por cento apresentam plano suicida ou cometem tentativas graves. Na média, dez por cento alcançam êxito letal. Não são números desprezíveis. Isto, sem falar nos indivíduos que adotam condutas claramente autodestrutivas, como o uso abusivo de álcool e outras drogas, além de outros comportamentos de alto risco, incluindo a direção perigosa. Quase todos encontram no isolamento social, parcial ou total, sua forma de autodefesa.

Do ponto de vista intuitivo, não é difícil compreender o que representa para um indivíduo que começa a adoecer: a vivência de fracasso, estranheza, vergonha e a apavorante certeza subjetiva de estar enlouquecendo.

Devemos considerar que esses quadros são inevitáveis, prenunciando uma gravidade e cronicidade natural? Ou podemos substituir essa abordagem, considerando os novos dados, que indicam melhores resultados terapêuticos quando se intervém mais precocemente?

Se consideramos como válidos os resultados positivos das novas pesquisas voltadas para as intervenções precoces, devemos mudar nossas referências e preconceitos, ainda enraizados nos tempos da exclusão manicomial. Isso consiste no investimento em cuidados na saúde das crianças, adolescentes e adultos jovens, para que pessoas vulneráveis possam receber os cuidados necessários em tempo hábil. Mundialmente a tarefa de reconhecer e intervir precocemente, impedindo ou atenuando a gravidade dos quadros psicóticos, compõe a ordem do dia.

Leia mais sobre esse assunto em: http://oglobo.globo.com/opiniao/superem-preconceito-3580296#ixzz1kz9fOI9O

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Os grupos psico-educativos https://abapsi.com.br/os-grupos-psico-educativos/ https://abapsi.com.br/os-grupos-psico-educativos/#respond Thu, 14 Jul 2022 09:29:40 +0000 https://abapsi.com.br/?p=368 Geralmente, o paciente e sua família têm muitas perguntas em relação às causas, à evolução e ao tratamento da esquizofrenia, assim como sobre a prevenção de recaídas. Estas questões devem ser respondidas durante as consultas com os profissionais envolvidos no tratamento, ou através de material informativo como este. Existe ainda um terceiro recurso complementar: os grupos psicoeducativos.

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Em geral, o paciente e sua família não participam do mesmo grupo. São formados grupos de pacientes e grupos de familiares, paralelamente. Dentro destes grupos, o paciente e a família podem tirar todas as dúvidas em relação à doença. Os profissionais que promovem os grupos – geralmente psiquiatra, psicólogo, enfermeiro ou assistente social – responderão e colocarão em debate com os membros do grupo todos os aspectos da doença e de seu tratamento.

Os membros consideram muito útil a troca de experiências com outros pacientes e outros familiares. As pessoas se ajudam mutuamente a resolver seus problemas. Em resumo, os grupos constituem um espaço onde pacientes, familiares e cuidadores compartilham informações e suas experiências livremente. Estes grupos são, por vezes, formados durante o período de hospitalização do paciente, em outras vezes, em serviços de atendimento ambulatorial. Os estudos mostram que as recaídas são menos frequentes quando pacientes e familiares participam destes grupos. Geralmente, são realizadas sessões em intervalos curtos. Em seguida, numerosos grupos decidem continuar, sob a forma de ajuda mútua, sem um orientador profissional.

A literatura atual indica que os pacientes e sua família que participam destes grupos não são apenas melhor informados a respeito da doença e de seu tratamento, como também tornam-se mais preparados para enfrentar momentos mais delicados e difíceis, tornando as recaídas bem menos frequentes, ou mesmo mais atenuadas.

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